quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O Molusco e a Bolha.

O sujeito que quase sempre viveu na pindaíba da realidade majoritária, salarinho mirrado, vida apertada e busão ídem, vive agora um troço diferente.

Empolgou-se.

Tem mais acesso ao crédito, mais prazo, mais ofertas.

O país transformou-se num grande mercadão, onde vende-se tudo fiado. Aí, vai lá o caboclo, comprando o que pode com a grana que não tem, dividindo os badulaques em 30 x sem juros*, a geladeira, a moto 150 cc, o armário da cozinha e, claro, uma tv de plasma pra ver melhor os gol de bicicreta do time amado. Ele quer matar a fome represada de acesso ao consumo.


Quando o crédito acaba, tem pobrema não, pega consignado da aposentadoria mirradinha da mãe, do pai, da tia-avó.


Fôdaz.


Bom.


Não precisamos ser muito extensos, digamos assim, mentalmente, para antecipar o balacobaco que var dar essa ilusão crediária. Anotem aí, seres queridos, vai ter quebradeira de comércio e muito banco irá junto. Previsão> novembro de 2010.


O pior disso é que vai edificando-se uma sensação equivocadíssima de que tudo vai bem, cada vez melhor, obrigado. As trombetas do ufanismo brazucão soam através da boca furiosa do crédito irresponsável.

O crédito é o ópio do povo, dividido em 30 vezes no cartão.

A populaçãn, além de majoritariamente pobre, será endividada. Já é.


Aí, já era.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Constataçãn

Lula, aposentado por invalidez, governa o Brasil.



Aqui, não serve dizer que la nave va.


La nave sifu.

Reflexão sobre quadrúpedes- parte 1

Pensando bem, o torcicolo dói mais é na girafa.

Poeminha acidulante



filhinho, querido,
estamos no séculuvintium,
na era de aquário, nos portal dos tempos;

portanto, não seja tolinho,

se quiser vencer na vida,
ter carrão, casona na praia
e mil loiras por semana
não estude, não faz falta
olha o presidente, o tanto que manda
e o nada que lê,
os churrascões que manda fazer,
a vida boa que leva;
então, filhinho,
deixa o diploma pra lá,

vai bater uma bolinha,
calçar chuteira, virar o tal,
agora o lance é ser
centroavante
metrossexual.

A RAZÃO PARA VOTAR NESTE HUMILDE REFÙGIO DO PENSAMENTO LIVRE

Vocês perceberam, ali, na coluna à direita, uma bandeirinha do concurso TOP 30.

Bom.

A princípio, eu tenho pavor de concursos de sites de internet. Por quê? Porque normalmente os ganhadores dessas coisas usam o troço para fins comerciais. E acabam usando eu, você e o seu voto para ganhar dindin. Alguns até são merecedores, a maioria não o é.

Mas resolvi enfrentar os milhares de sites de bundas, peitos, celebridades, fofocas e afins, apenas para ser a mosca na sopa deles.

Se você puder ajudar, oh irmão, oh irmã, caridosamente, clique ali na bandeirinha e pronto.

Vamos mostrar que as letras podem enfrentar a ditadura pictórica das ancas.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Doce, Ácido, Demolidor, Zen.

Lendo alguns mails enviados pelos leitores, constatei que há uma certa confusão sobre o que eu posto por aqui. Alguns não entendem esse conjunto liquidificatório de textos, poemas, críticas e frases, essa confusão, a miscelânea de letras aqui destilada.

Ora, pipocas.

Faço a coisa de modo intercalado, porque acho chato textos lineares demais.

Sou filho do controle remoto da TV. Quero compartilhar as inquietações, uai.

Nenhuma pretensão maior que ser colunista dalguma revista que me pague decentemente ou dalgum jornal que se resolva por minzinho.

A idéia não é causar espanto.

O DESCONSTRUTIVUS pode ser uma boa opção praquelas horas de tédio na sua casa, quando o BBB 8 está no ar.

Poema Concretino II

O Urso

Grrrr
Grrrrrr
Grrrrruta
Grrrrrruta escura
Menininhonãaoooooooo....
NHAC!!!
Burp.

Poema Concretino

O OVO

O vôo
O ovo
Ovo
crack
Piu!

SOBRE OS COMENTÁRIOS DE LEITORES

Prezados e prezadas,

Depois da avalanche de comentários dos fundamentalistas religiosos, intolerantes de plantão e outros seres incomodadíssimos com meu humilde blog, decidi receber apenas pelo e-mail ricardo@eile.com.br as sugestões e/ou críticas aos textos. Fica chato ler tudo e depois ter que filtrar a coisa.

Adoro o debate, mas abomino a perda de tempo.

Frasesinha com expresso

Não é que o mundo esteja pior, foi seu gosto que melhorou.

Colo e cafuné

A cortesia masculina foi perdida.

Enrolamo-nos em uma fiação pobrezinha de bíceps, testosterona e atos de auto-afirmação...cantar os pneus do carro, acelerar muito e achar bonito ser polivalente no amor e canalha nos atos.

A mulher esperava mais de nós, senhores. E cansou-se.

Hoje, a mulher se refugia em si mesma ou falseia nossos atos assombrosos. Quer ser predadora também.

Mas o bom colo e o velho cafuné ainda guardam em si a essência plena do amor que queremos todos.

O acolhimento e a cortesia ainda calam mais fundo que a bundoignorância, a ditadura da casquinha.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Religião não religa, apenas desconecta.

É o seguinte,

Antes que as cruzadas evangélicas ou os filhotes do Opus Dei venham encher meu e-mail com gracinhas, já aviso que não sou ateu.

Muito menos cola o argumento de que o laicismo ou a laicidade tenham se tornado uma nova ditadura dogmática com inquisidores racionalistas de plantão.

Provou-se, aos que não se lembram mais do que aconteceu durante a Inquisição ou durante o regime talibã no Afeganistão, que não podemos jamais deixar de estar vigilantes em relação aos intermediários divinos, às petulâncias religiosas.

Acredito num balacobaco, numa força criadora de tudo, num troço que derivou no bigbang.

Mas quem sou eu pra dar nome a essa força, especular em nome dela ou fazer suposições sobre o que ela espera de nós.

Acho mesmo que as religiões são mera pretensão humana e, fazendo as contas, fazem o mal, pois virou mania humana matar em nome do altíssimo ou mutilar mulheres, sacrificar homens, ter pavor dalgum hímem extinto ou aniquilar as pequenas alegrias da vida, vertidas em pecados.

Fora o tremendo negócio de venda de unções, copinho de água do Jordão, cruzes, patuás, burkinhas perfumadas e sacolinhas de grana extorquida que rolam por aí.

E as sessões especiais dos 387 cajados para o sucesso empresarial ou a fogueira santa para os infortúnios do amor.

Ah, menino...religião, política e futebol não se discutem. Olha a violência cretina dessa frase, desse chavão. Dizem isso porque se a coisa da discussão fosse levada a cabo, não sobraria religião nenhuma. Querem dogmas inquestionáveis, querem certezas inamovíveis.

Querem calar sua boca, pessoa leitora de mim.

Querem o dízimo também, irmãos.

Pecado mesmo é sacanear os outros. E as religiões fazem isso com frequência.

As religiões sacaneiam demais os outros.

As que vieram das derivações judaicas então, socorro mamãe.

E quanto mais religiosa a pessoa, mais insistente e fanática ela fica...parece que são elas que, por falta de certeza, precisam repetir, repetir, repetir.

Só sei que além do peru de Adão, resolveram instalar o clitóris na Eva, pô. Se é obra divina, pecado é não usar.

Encontrei uma coletânea de contradições bíblicas deliciosas. Se vc tem fé e acredita que aquela colagem de textos é um troço coerente, nem tente ir ao site abaixo, porque vai entrar em depressão e ter crise identitária. Mas pode ser, acreditem, uma libertação.


É necessário saber a fundo para que é que se diz amém.


http://www.ateufeliz.hpg.ig.com.br/ContradicoesBiblicas.htm


Que é divertido, é.

Seu neto vai querer um Tata Shiva de 600 cavalos

Dar-se-á no Monasterio de Silos, Espanha, no ano 2047.

Uma família chinesa, devidamente munida de TITUNCHIS ( aparelhinho que faz tudo, desde telefonia molecular até filmagens em 3-d) compra as entradas para visitar o museu de iluminuras do mosteiro.

Reclamam entre si sobre a péssima qualidade do mandarim falado pelas senhoritas da bilheteria, mas conformam-se, afinal, esses ocidentais são assim mesmo, adoram cursos rapidinhos e basicões de mandarim, muitas vezes aprendendo cantonês dalgum professor oportunista.

E vão lá, a família Ching-Wua, espalhando seus passinhos miúdos entre as tais iluminuras medievais. Coloridíssimas, medievalmente falando, quase uma heresia. São iluminuras cicciolínicas, sim, sim, muitas cores, um abuso, uma indecência para a época, oras, a Inquisição não gostaria nada nada disso, enfim.

María del Amparo, uma das bilheteiras, sente-se orgulhosa, afinal, conseguiu receber a família de olhinhos ting-ting numa boa, sem muitas dificuldades para falar o que devia ser dito. Não entendeu porcaria nenhuma do que lhe disseram, mas e daí, nessas horas usa-se aquele truque linguístico maravilhoso de dizer entendo...entendo...veja bem... e a coisa flui, a coisa funciona, a coisa segue.

Ingressos vendidos.

Apenas um trocinho de angústia instalou-se ali, no peito de María, semanas atrás. Ela pediu a cidadania bolivovenezuelana, porque seu avô de Caracas era. Tomara que consiga, tomara, oh Deus, tomara. Ela aposta muito nisso...imagine...ela em Caracas, toda, toda, chiquetésima, poderosa, passeando pelo Boulevard Simón Bolívar, puxa, um sonho. Fora a chance de poder ter, um dia, aquele Tata Shiva de 600 cavalos, zerinho, zerinho.

Desde a anexação da Colombia, agora chamada de ´Liberación ´pelo nuevo empereur Chávez II, ordas de espanhós tentavam obter a cidadania para tentar a vida nalgum cargo da Pedevesa, com salarinho garantido e direito a casa, comida, roupa lavada e quadros de Chávez I, Bolívar e Ollanta Inácio de Silva, considerado o primeiro híbrido bolivariano gerado nos laboratórios da USP, no Brasil. Nasceu a criatura em Lima, foi batizado em Quito e, claro, recebeu sua primeira boina vermelha das mãos do próprio Diego Maradona, já provecto.

María del Amparo também tinha outra angústia, guardada lá no fundo daqueles peitões espanhóis. O desgraçado cursinho on-line da Arabicnet Express. A empresa que agenciava as excursões para Silos foi comprada pr um grupo dos Emirates, com sede em Dubai. Era melhor andar na linha, falar pelo menos o básico, vai saber, depois vem algum turbantado visitar de surpresa né, aí ferra tudo se não balbuciar ao menos um salamaleikum decente.

A vida em 2047 é uma coisa esquisitinha.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Fernando Pessoa no Big Brother

Imagino a cena, em um exercício plus ultra qualquer possibilidade:

O diretor do BBB, examinando centenas de vídeos de candidatos a "brothers", escolhendo as personagens-padrão: a loira bunduda, o homossexual, o negro, o homem do interior religioso, o descoladinho, a moderninha, o fortão intelectual do jiu-jitsu, a sapatinha e alguma vítima social estilo bené da silva. De golpe, por um surto metafísicoalocubráticoamorfótico, lhe chama a atenção um franzino míope, um cisquinho de sujeito, um quase entregador de leite dos anos 20. Dito ser humano declara, no vídeo, a razão de sua postulação a ser "brother" numa única frase, em forte acento lusitano:

- Estou a apresentar-me pois de literatura já não se vive mais.

É um certo Fernando Pessoa.

O diretor do BBB acha engraçado o sotaque do moço, mas deixa pra lá, afinal, é apenas alguém sem atributos visíveis. Não é sarado, não representa minoria pra provar que a TV é democrática, não fez acrobacias, não dança funk, não cantou nada, não desmunheca, não acredita em Nossa Senhora Aparecida.

É apenas um tal Fernando alguma coisa.

O mundo já não quer o bom. O mundo apenas precisa do útil.

Musiquinha para degustação- Niña Pastori y Falete

Absurdamente bom.

Ouça e veja.

http://www.youtube.com/watch?v=Ni2CZxG-ylY&feature=related

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Elite

elite

do Fr. élite, s. m.
s. f.,
o que há de melhor numa sociedade ou num grupo;
o escol;
a flor.


elite não é ser rico ou não gostar de che guevara e das farc.

elite é ser bom.

Coletânea óbvia e monotemática do amor- 3


há o encantamento fundo

e o afago raso,

a possibilidade de tudo,

a rasteira sede de momento,

a fome de mundo


há, amor meu,

o melhor de tudo que posso

e o pior do imundo em mim


mas há, além mar,

nossa praia sem naufrágio,

nosso abraço alagado,

nossos traços

na boa areia.


Se caráter tivesse cor

A sujeita que virou secretária para a igualdade racial no Brasil, com status de ministra, usa o discurso do preconceito para surrupiar dinheiro público.

Ela usa a cor da pele para se vitimizar.

Sendo vítima, em teoria, pretende ser desculpada dos atos condenáveis que realizou com o cartão de crédito da Presidência. Ela fez compras em free shops, ela abusou das hospedagens em hotéis de luxo, ela viajou "em missão oficial" inúmeras vezes, sem saber explicar muito bem o que fazia onde.

Este governo adora esse truque. Colocam um ser auto-vitimizado na administração pública para que ele sirva como escudo contra qualquer crítica. O retirante nordetisno, o metalúrgico sem dedinho, a negra que sofreu a vida toda, o ex-guerrilheiro perseguido, e por aí vão...

Qualquer governo que transforma a cor da pele em critério de escolha, usa o racismo como ferramenta de decisão de estado.

Esse governo é safado porque transforma as verdadeiras vítimas sociais em vítimas duas vezes> pelo que são e pelo uso político que se faz delas.

Se caráter tivesse cor, qual seria a tonalidade e nuance do coletivo lulista que acha lindo aparelhar o Estado?

Se cor de pele é critério meritório, quero ter meu bolsa-tudo, porque com dez tatuagens multicoloridas, sou também negro, amarelo, fúcsia, marrom, vermellho e branquelão.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A Síndrome dos Seios Cream-Crackers

Quando, nos idos dos anos 80, havia mais possibilidades de sermos politicamente incorretos e ecologicamente aberrantes, era usual que muitas famílias tivessem em casa um papagaio. Ensinava-se ao plumado engaiolado alguns impropérios, hinos de clube de futebol e musiquinhas do estilo créu, para aqueles momentos de transbordamento e gracinhas. Quando o dito papagaio executava bem, diante das visitas, alguma gracinha aprendida, ganhava uma ração extra de sementes de girassol ou, mais das vezes, uma bolacha (hahahaha bolacha é ótimo!) cream-cracker. O biscoito cream-cracker era a premiação pela gracinha exibicionista.


Bom.


Nos mesmos anos 80, o apogeu da glória sexual dos mocinhos e mocinhas de então era a efetivação da famosíssima "mão no peitinho" da menina. Em Belo Horizonte, o lugar mais adequado para tal façanha entre a classe média era a Praça do Papa ( o sagrado sempre entesou a humanidade), onde uma fila generosa de carros com vidros embaçados garantia o comércio de pipoca, refrigerante e otras cositas más nas redondezas. Um detalhe, já naquele tempo, me incomodava bastante e ainda é comum entre os seres masculinos: a jactância do ego pela conquista do corpo da mulher.



O menino, todo cheio de si, vangloriava-se junto aos amigos de colégio que fulana tinha "liberado o peitinho" pra ele. E a menina se achava a madre Tereza de Calcutá por ter concedido tão nobre favor ao mocinho dedicadíssimo pois, afinal, ele tinha dito que precisava de uma prova d' amor.



Ora, pipocas.



Isso de a mulher colocar seu corpo como prêmio pelo bom comportamento masculino gera exatamente a machificação da coisa. E claro, gera também uma coleção de mentiras masculinas para a obtenção do favorzinho para o alívio testosterônico.



Se pensarmos bem, vejam só, quem mais curtia a coisa era a menina, que tinha umas mãos masculinas acariciando suas sensibilidades glandulares. Para o homem, peito ou ombro são quase a mesma coisa. Em termos tácteis, a textura é diferente, claro. Mas a graça estava, como siempre, no proibido.



E a coisa seguiu assim, a mulherada se colocando como o cream cracker de premiação pelas gracinhas de rito masculino. Que preguiça, né. Vamos aí assumir a verdadeira intenção das coisas. Essas derivações são fruto do brutal dogma bíblico, que por um erro de tradução do aramaico falado para o grego escrito, propagou essa estupidez chamada valor da virgindade (feminina né?).



Com tanta necessidade de justificar reputações, criamos um código hipócrita de falsas alegações para os "pecados". Isso atrasa tudo, do exercício afetivo do amor até a tranquilidade de consciência de quem faz o que faz porque é bom fazer, simplesmente.



Aliás, cabe uma perguntinha que fiz em uma aula de catequese: Se Maria era virgem mesmo, por onde Jesus saiu quando nasceu?



Ok, deve ter sido cesariana.

Falete y Mayte Martín, para esparcir el dulce embrujo.

Ouçam essa musiquinha insuperável, na interpretação de dois intérpretes do olimpo.




http://www.youtube.com/watch?v=VJKDNw6wcuk



Olé.

Frase solta 3

Longe é um lugar que não existe se vc se conformou em não ir a lugar algum.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Diego " El Cigala" y Mina- Un año de amor

Imperdível a interpretação da melhor voz flamenca contemporânea de um tema clássico de Almodóvar.

Postarei musiquinhas descontroladoras e apaixonantes para ouvidos apurados. Ouça e veja:


http://www.youtube.com/watch?v=TpozSiUZ3AA


Olé.

NÃO PERCAM , CORRAM ÀS LIVRARIAS HOJE MESMO!

Bruna Surfistinha lança seu terceiro livro.


Pois é.

O Estado Laico liberta mais que o tal Deus

O exercício do credo religioso, de qualquer um deles, só é possível em um Estado Laico.

Se vc curte acender velinhas, pagar promessas, receber santo em terreiro ou comprar quadros do Picasso pintados no Além, agradeça ao laicismo.

Direita e Esquerda se encontram no final das contas: Chávez beijaria Hitler na boca.

Quando estudava nos colégios católicos de BH, os seres colegiais me tachavam de esquerdista, anarquista e socialistóide. Isso porque eu criticava a ditadura, descia o bambu no apoio que o Vaticano dava aos caudilhos de direita na América Latina e queria eleições diretas no Brasil.

Quando estudei arte dramática e passei pelo Actor´s Studio em New York, os seres do teatro me consideravam burguesão, direitista e alienado. Isso porque eu criticava a ditadura de Fidel Castro, descia o bambu no apoio que as comunidades eclesiásticas de base davam aos caudilhos de esquerda na América Latina e queria eleições diretas em Cuba.

Na Espanha, novamente, rotularam-me à esquerda, afinal, um maçom que fala mal de Franco só pode ser um "rojizo de mierda, trozo de ateo".

Bom.

Todo rótulo depende das críticas que prestamos à maioria do ambiente.

Talvez o único lugar onde realmente entenderam quem eu sou, em termos de posicionamento político, seja a Rádio Favela FM, de Belo Horizonte.

Trabalhei lá como voluntário durante dois anos, com um programa em espanhol. Lá sim, entendiam que não importa se vc é de esquerda ou de direita, o que interessa é o que vc pensa sobre as coisas que não estão legais e o que faz para mudá-las.

Mas que Che Guevara era um porco, isso era.

Poemasmeus - Coletânea óbvia e monotemática do amor- 2

quando não tenho
todo aquele arco de boca
sorrindo meu mundo,
recolhendo os minutos
que deixo cair

o horizonte aplaina-se de falta
o peito vira poço,
as mãos, raízes soltas de tudo

saudade é quando
a volta dalguém
reconstrói
meu passo surdo.

Che Guevara é o James Dean da moçada estrelada chauiense

Lendo e relendo duas biografias de Che Guevara, não me restou dúvida alguma.

O sujeito era um canalha.

Virou mito porque descolou-se de sua nacionalidade para ingressar naquela coisa de mudar o mundo e morreu cedo, com um look meio Jesus, meio Kurt Cobain.

A tão festejada revolução cubana, que ele ajudou bastante, principalmente como médico mentor de execuções e fusilamentos, desembocou em uma das piores e mais sangrentas ditaduras do planeta.

Che também curtia afanar os relógios de pulso de seus executados, vejam só que ato dignificante.

Virou estampa de camiseta de feira.

Dança do créu, Lula, BBB 8, avanço de semáforo e camiseta com foto do Che.

Passeando por aí, o cenário não parece muito animador.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Mais um orgulho para a cultura nacional > a dança do créu.

A nossa coletividade, digamos assim, popular, agora elegeu o hit do verão, com direito a coreografia.

A dança do créu.

É o supra-sumo do resume pictórico do bom gosto, da suavidade lírica e da espetacular harmonia coreográfica que nossos conterraneos são capazes de criar.

O brasileiro médio agora resolveu ilustrar com o próprio corpo o que o Estado faz com ele. Pois aí temos a constatação de como a nossa maioria vai pela vida: dançam o créu, furam a fila, votam em Lula e ainda não descobriram a função do semáforo vermelho.

Enquanto os governos não investirem em políticas sérias para a educação pública, não poderemos esperar nada muito além do que temos. Mas não há no Brasil projetos de Estado, apenas maquinações de governo. Notem que até as logomarcas que identificam o poder federal, estatal e municipal mudam a cada mandato, não há continuidade sequer da identificação do rosto governamental.

Pois é.

Alguns são ateus, muitos são filhos de Deus, mas a maioria é filho do créu mesmo.

Amém, Banânia.

A armadilha do elogio à ignorância (nunca antes nestepaíz)

A academia brasileira, os doutores, mestres e professores, além de boa parte da imprensa, deveriam fundamentar por quê, em um amplo conjunto dos seus membros, elogia-se a falta de formação técnica e acadêmica de Luis Inácio. Parecem ter aquela visão romântico-turística dos gringos que encontram uma certa beleza pitoresca nas nossas favelas, uma síndrome chicobuarquiana de elogio a tudo que é desgraçadamente triste e desprovido do mínimo necessário.



Por mais que teçam odes ao fenómeno do metalúrgico que alcançou a Presidência da República, isso não deveria representar ( e representa, acreditem) um aplauso à leviandade. A falta de leitura compromete a compreensão do mundo real, do mundo concreto. A incapacidade de concatenar substantivos e verbos resulta, mais das vezes, em uma concepção de mundo distorcida, mal elaborada, deficiente no sentido interpretativo.

E não se trata de preconceito, é pósconceito mesmo, constatação pedagógica, verificação dos fatos evidentes, dos constrangimentos públicos, da angústia de intérpretes e diplomatas que em várias ocasiões tiveram que filtrar ou verter para outra esfera as palavras que da boca entusiasmada do ego inaciano decolam.

E todo esse feixe de frases desconexas, desprovidas de sentido ou pior, desprovidas de verdade, cruza a mídia e se plasma em letras, áudio e vídeo pelo planeta.

Cansei-me de ter um governante que prefere ser uma atração circense a ser estadista. Esperávamos um modelo novo de condução estatal, deparamo-nos com uma espécie de cobaia viva que escapou dos laboratórios discursivos das Ciências Sociais.

Aliou-se ao que há de mais nefasto no cenário gris da política brasileira, celebrou impunidades, aplaudiu a esperteza e justificou tudo no pacote da excusa sem caráter> a metamorfose ambulante.

Luis Inacio não incomoda por ser oriundo ( e apenas oriundo pois deixou a classe trabalhadora há décadas) das camadas mais baixas do extrato social brasileiro.

Ele causa náuseas por simplesmente legitimizar o cinismo, elevar as diferenças entre uns e outros e condecorar a ignorância.

sábado, 19 de janeiro de 2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Geração anos 70 e o casamento

Quem nasceu nos anos 70 perdeu-se entre a geração das mamães que se casaram virgens ( do orifício oficial, digamos assim) e da moçada pós-80 que beija 9 bocas numa noite só. Pois é, aí aconteceu esse mal estar coletivo, essa coisa de vou-num-vou dos senhoritos e senhoritas que hj têm entre 30 e 40 anos. Nenhum dos meus amigos que se casaram continua casado.

Com exceção de um casal que ainda convive sob o mesmo teto ( e que nao se casaram, talvez por isso a coisa funcione menos mal), as uniões que eu presenciei esfacelaram-se.

Parece que o modelão de casamento dos nossos pais e avós ( não venham me falar que nossas avós sim sabiam amar, porque as coitadas eram cornas obrigatórias durante o namoro, durante o noivado e mais ainda durante o casamento, pois a virgindade imposta pelo dogma religioso escravizou dezenas de gerações e os homens sempre acharam "normal" extravasar por aí) não coube dentro de nós. Nós inventamos a ficada nos anos 80...aquela coisa de beijar por esporte, sem pedir afetividade nem compromisso na coisa.

Criamos um novo modelo de variância, mas não soubemos arcar com a falta das garantias do amor que aprendemos que era o certo.

Quem nasceu nos anos 70 é como um velho pc 386 tentando rodar o windows Vista.

Tenho alguns palpites...acho por exemplo que esse troço de compartilhar banheiro deve ser algo horrendo. E os detalhes alteram as estruturas, como sabem.

Um conhecido me disse certa vez que " casar é pedir eternamente perdão por cada pum que se solta".

Se calculamos, por baixo, que a média de puns diários do ser humano brazucão que come, entre outras coisas, ovo, arroz, feijão e uma saladinha seja talvez de uns 3 petardos mais intensos a cada 24 horas, puxa, os casados tem que pedir perdão demais.

Acredito no amor, acredito no romance, acredito no potencial de construir uma vida a dois
com bases sólidas e projetos bacanas. Mas se pretendemos ter a exclusividade sobre as alegrias do outro e sobre os desejos alheios a nós, fracassaremos sempre.

O casamento tem sido um exercício de posse e prepotência.

Quero mesmo o bom romance que se renova sempre, porque pretende pouco e simples.

Dúvida teológica - parte 1




Responda aí,



Se o Deus bíblico está em todos os lugares, sabe de tudo que acontece e pode fazer o que lhe der na telha:



Ele também está no Inferno, vê as almas sendo tostadas e não faz nada pra mudar a coisa? Hum..aí temos um caso de sadismo, né?



Ou o inferno não existe e, se não existe, onde o pobre Diabo mora?




Que preguiça, bíblicos, que preguiça.



Laicidade em Portugal


Posto aqui o sítio República e Laicidade, de Portugal.


http://www.laicidade.org/


Boa hora de modificar a nefastia religiosa da terrinha. Aliás, em geral e com raríssimas exceções, religiões são desgraçadas.

Trazem conflito, visões dogmáticas de mundo e morte, muita morte, em nome de uma verdade suposta, improvável e presunçosa.

Não venham me falar em caridade enquanto se mata mais que se salva por diferenças religiosas. Calcule aí a somatória e será fácil concluir.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

COMPROVADO


Povo brasileiro se alimenta de populismo, cinismo, impunidade e idolatria.

O lado imundo da alegria inconsequente ( Brasil, terra do fodamo-nos)


Eu tenho vergonha de nossa alegria inconsequente, do nosso pão e circo desmedido, do nosso presidente vagabundo, da nossa cidadania capenga. E a vergonha, se não soluciona nada, ao menos tende à dignificação resignada.

Não bastasse um escândalo por dia, agora estamos sujeitos à tirania mais sutil e cruel que fabricamos: o simulacro da comemoração carnavalesca. O já-ganhou do imbecilismo tropical, onde o delírio macunaímico funde-se ao batuque repetido do discurso lationoamericano que insiste em colocar a culpa dos nossos fracassos no imperialismo mundial.

Estamos mal porque somos incompetentes, preguiçosos, acomodados, egoístas e sem memória.

O motoqueiro apressado não sinaliza ao virar, os espertinhos do poder público fazem negócios paralelos, retroalimenta-se a indústria da propina, universidades formam papagaios repetidores do conhecimento ungido.

E não se ofendam, senhoritos e senhoritas. Gastem a sua reação nacionalista com algum impulso mais construtivo: envergonhem-se e tentem votar melhor. Reajam a quem fura a fila, a quem avança o sinal, a quem desrespeita a mínima regra.

Nosso desastre coletivo começa no "foda-se" individual.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Reflexões de um ser a toa.

No avião, dentro dele, em vôo, ficamos suspensos entre a incerteza da vida em solo e a morte ainda não confirmada.


O avião é o limbo em versão pressurizada.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Diálogos dialógicos I

E, escandalizado, o douto e vetusto Professor de Direito ao aluno recém tatuado:


_ Que horror, como pode fazer algo tão definitivo no braço?


O aluno:


_ Definitivos sâo os braços que jamais mudam, baby.

Frase solta 1



O problema do nú artístico é quando ele balança.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Poemasmeus - Coletânea monotemática do amor.


Tem furor nos olhos marroquinos
que cruzam, furam, invadem, doem,
olha os olhos, olhos que mordem,
o arco da boca, a chave de perna
a mão da acolhida dura.

e veio no repente
das fibras ópticas inevitáveis,
montada no sopro do mediterrâneo meu, perdido,

quero-a como jamais deveria,

comer daquela boca
é nascer-me cada dia.

O direito ao pós-conceito

Antes que os seres otimo-ufanistas venham acusar-me de ter uma nuvem cinza em cima da cabeça, de ser derrotista e baixo-astral, faço aqui a defesa pública ao pós-c0nceito. Pós-conceito é a antítese óbvia do preconceito. Eu vou, experimento e critico depois de saber do que se trata. Desde políticas públicas ( púbicas, no carnaval) até pratos infelizes em restaurantes xexelentos.

Aliás, Cuba vive uma ditadura. Todas as ditaduras são perversas. De Pinochet a Mao, de Hitler a Stálin. Pecam no fundamental, que é a política engajada na exclusão dos diferentes.

Entao precisamos entender porque a academia brasileira vive açoitando as ditaduras extintas de direita e tece odes de adulaçao às ditaduras atuais de esquerda. Postarei um pequeno artigo ácido sobre o tema.

Será pós-conceituosa a coisa, também.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O Brasil e a ditadura das ancas. A bundocraia instalada em berço esplêndido.

A bundocracia acampa. O mantra sagrado entoa-se a cada nova ediçao do Big Brother. A partir de agora, banharemo-nos em bundas mil, ungindo nossa alma verdeamarela para o carnaval. É o rito preparatório para a celebração da nossa idiotia momesca. Anestesia-se logo de saída, ao começo, alguma expectativa de reação.

Aliás, no Brasil, reação em cadeia é apenas rebelião em presídio.

Não sou contra a alegria, mas há a alegria que edifica e a outra, a nossa, que idiotiza. Da-se a falsa sensação que tudo vai bem. E não vai nada bem. Não tivemos aumento de renda, mas sim abuso de crédito. São milhões de neoendividados nas Casas Bahia, no financiamento de sapatos, no armário chulezinho pago em 36 meses ( que custa, ao final, 5 armários).

O brasileiro sente, inconscientemente, que seu direito a ser cidadão virá a prazo, mas já perdeu o bonde que passou lá atrás. Aplaudimos a safadeza, o jeitinho, a esperteza safada do Zé Carioca. Quem segue a lei e paga imposto, pergunte aí, é o trouxa. A mente coletiva brasileira é muito parecida ao motoqueiro de entrega. Não respeita nada em nome de chegar mais depressa. E se dar bem.

Eu desci da moto e observo o tráfego.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O Refúgio Raro do Pensamento Crítico ( ou o abrigo das idéias sob a Protoditadura Inaciana)

A maioria silenciosa é ruidosa nos carnavais. Entre trópicos, aplaude-se o calor, o suor, o batuque, o avanço do semáforo vermelho e a obrigatoriedade da alegria edificada na histeria coletiva. A cultura popular confunde-se com o costume acomodado das massas ignaras, excluídas, subtraídas. E felizes, oh, com a ajuda de deusnossosenhor, felizes. Essa alegria incauta é a nossa maior desgraça plena. As revoltas acabam-se à margem de um copo lagoinha repleto, do estádio cheio.
"É campeão!!! É campeão!!!"
E daí?
Ao timão, o capitão orgulhoso do diploma que não tem, o comandante da platéia de aplauso fácil, o amigo de boteco que reina pelo truque do apelido. E vão lá as massas neoevangelizadas, mãos ao alto, dízimodizimadas, ao púlpito em fila, à glória da promessa. Votam. Não entendem, não compreendem, não aprendem. Repetem o gesto que lhe pediu o ungido intermediário dos céus.
E no Brasil constitucionalmente laico, figura a cruz na parede do STF.
Sapateiro, carvoeiro, torneiro. Brasileiro.
Antes de nacionalidade, profissão de extratores de madeira. Não herdamos cidadania, o que temos é boquinha extrativista.
Eis aqui o refúgio das palavras que restam e dos pensamentos que insistem em sobreviver ao reino da mediocridade ufanista.
"Então, o quê fazes aqui, oh demônio eurocêntrico? Vai-te aos alpes teus, passear-te por Toscana. Chafurda teu pessimismo gris pelas ruas de Madrid, destila tua frustração semiapátrida pelas esquinas de Lion, pelos bequinhos de Bratslava."
Não, não poderia fazê-lo.
Eu sou a mosca que caiu na sopa nacional.