sábado, 29 de novembro de 2008

o casamento do amigo

Muitas vezes, aos lugares, vamos pelo simples motivo frágil de termos ido, para constar, assim, na memória breve dalgum ser ou dalgum livro de visitas. Chatíssimo é ir por ter ido. Mas como diz Dr. Polla, a vida social é uma espécie de trabalho não remunerado. Sorrimos pelas circunstâncias, usamos os músculos faciais de modo voluntaríssimo e político, isso sim, oh, quão políticas são nossas mandíbulas e dentes a triturar salgadinhos frios ou aqueles horrendos sanduichinhos que têm maioneses escondidas para dar-nos sustos de ódio paladaroso.

Sem citar e citando no óbvio, a maldita azeitona nas empadas.

Mas ir por querer ir a algum ou a alguém é boníssimo. Nós, deuses de nosso destino em carruagem, vamos por deliberação exata, por flecha certeira do cérebro, como se ordens dessemos ao cocheiro interior que cada ser leva em si: vamos ao festim. depressa. slapt! e simplesmente nos levam a nossa vontade e nossas capacidades motrizes.

Isso se dará brevemente, quando estiver minha pessoa e quem a mim me apraz acompanhar, em uma boda de um amigo. NAturalmente, as igrejas me divertem. Gosto do colorido e das figuras retorcidas tão cristãs e acho mesmo bonitinho o esforço que fazem com o objetivo de condoer as massas e levantar duas sombras antagônicas, a do perdão e a do castigo, embrulhadas num pacote só, está em promoção, o abraço da fé.

Mas interessa-me mais a festa e o amigo e sua escolha, estes sim, santíssima trindade.

Meus amigos são mais importantes que Jesus.
E menos previsíveis.

Enfim, lá vou eu para o degustar de quitutes e apreço do vestuário, além, claro, do sorver da inteligência passeante pelos salões.

Ao lado meu, a dinamite que adoro e venero, em pessoa, a doce e acidulante petulância da senhorita Braga, envolta naqueles panos de duquesa contemporânea, com olhinhos muito miúdos mas que vão tão binoculares pelo mundo, microscopicamente inteligentes.

O regalo, o mimo, mandar-lhe-ei ao amigo dentro de 10 anos. Faz sentido maior presentear o que, pelo tempo de cotidia, funcionou.

Assim, esta semana fecharei a boca voraz e provavelmente comprarei sapatos lindíssimos. Adoro estar consciente do exercício do ego lustroso.

Aos amigos que se casam, tudo de bom e toda a sorte dos céus.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

3221

Negue que jamais odiaste a Lua, ou que perdeste do Sol o sentido que tem o astro, ou mesmo que no fundo obscuro de ti, mataste cachorrinhos e pequenas outras criaturas adoráveis, pelo simples fato inegável de que, bela manhã, acordaste sem humor algum, despertador a orelhas aflitas, pois são quase já as horas que não querias que fossem ainda; enfim, negue que jamais odiaste tanto tudo e tanto o mais que tudo, pela vida ser menos vida do que deveria e ter-se a sensação de que há mais filas que soluções no planeta.

Aí sim, admitindo o desconforto, traça-se o horizonte para milhares de pequenas alegrias, posto que a vida compensa, ao fim das contas, o baralho desastrado que fazemos dela.

Direitos Identitários Culturais

Cá neste pedaço tropical de mundo, pergunto-me eu, por quê caralhos tenho que gostar de axé, pagode e torresmo comido de boca aberta? Por quê, oh céus, há uma quase obrigatoriedade de alegria entre o Trópico de Cancer e o de Capricornio? Viola-se, sinto, meu direito fundamental às identidades culturais que me aprazem mais. Meu passaporte não revela meu pavor. O Estado não respeita o meu gosto. As minhas preferências preponderantes não são tupiniquins.


E aí?


Aí, digo eu, ora pipocas, onde estão os juristas para que defendam a Causa? Nascimento é condena prévia? Se querem ver o Tio Sam tocando tamborim, vá lá, mas não me obriguem a fazer a mesma coisa, porque acho um saco. Aliás, pensando bem, toda música que se acelera e avacalha-se pode virar samba.

Que se me apresente uma ONG dessas que amam uma graninha federal. Que se me venha um petista engajado com aquele sorrisinho de vergonha relativa ( pois é...mas todo mundo já roubava antes, uai) e me diga que posso no Brasil não querer desejar ser brasileiro. Sem constrangimentos e aqui entre nós: o melhor que temos é uma língua bonita e bastante água potável.

Frases soltas- 554



E na Oca da Aldeia Global, a dança do Pajé faz a alegria da Cacicada e seduz a massa de tapuias-tontos.