sexta-feira, 31 de julho de 2009

poemasmeus35542

sobre teu ventre girassóis
dos meus beijos forjados
em brasa e ferro romano;

meu amor é de render-me;

sobre teus ombros as tulipas
dos verões que recolhi de Sevilla,
e meus beijos edificados
por letrinhas e alfabetos;

meu amor é de querer-te;

sobre tua figura,
todo o céu dos meus vermelhos,
e a mansa calma da toscana:
arde-me o limite de toda pele;
quero-te acima dos andes.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Recadinho para a "mulher para casar".

Machista. Você, mulher para casar, é machista. Tem uma fúria uterina por ser imediatamente mãe. Quer agarrar-se a deusnossosenhor para garantir a felicidade eterna junto a seu suposto amado conveniente. Você acha que a felicidade dirige um audi e que o belvedere é a quintessência da alegria edificada.

Você não quer filhos, quer bonecos. Vai parir uma ninhada de yorkshires bípedes.

Você adora falar dos "valores e princípios", mas deve ser uma fã de filmes de sacanagem nas madrugadas perdidas com sua tv a cabo no MUTE.

Infeliz. Você é, obviamente, infeliz. E, claro, deposita em seu lindo futuro de casada todo o resumo da felicidade possível.

Você não se deixa arder. Leva a vida em banho-maria. Você se acha melhor que as demais. Você certamente diz: " Esse mundo tá perdido".

Perdida está você em seu delírio cor-de-rosa.

Provavelmente, você é corna. Sua mãe e sua avó, coitadas, foram também.

Isso porque seu discurso machista retroalimenta a cornação. Você pede luzes apagadas.

Você vive ( vive?) o presente alabando seu futuro feliz, perfeito e programado.

Você já morreu, porque abortou o amor e exigiu dele um plano frágil, não uma vivência intensa.

E vc deve amar ver o peito cabeludo do jardineiro do seu namorado, porque no fundo da sua alma cristã, há um poço de lodaçal de desejos inconfessos.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

poemasmeus8873

minha língua me arde
e queima o mundo,
chicote de carne, látigo
profundo, flecha certa
contra o enorme muro do óbvio;

minha língua me escapa
e lambe sabores de rareza,
minha língua te beija
carnes e perfumes,

minha língua não reza;

assim no tão longe de tudo
minha língua é aspereza
e te apavora,
minha língua também chora
todo amor guardado dela;

minha língua não foi-se
dar com línguas de quimera;

minha língua diz do amanhã
em quando onde
minha língua doce era.

domingo, 26 de julho de 2009

poemasmeus-3328

parece ser
uma densa ventania branca,
a vida e os passos
que erro pelo mundo,
parece ser neblina
de salamanca, tardinha de lucca,
noite plena de marrakesh;

entre olhos, mãos e pulsos
vou-me espalhando em versos
pelo mundo imenso em mim;

assim, sozinho e longínquo,
recolho as palavras mais bonitas
que me são ditas e não ditas,
acolho quereres, frustro ilusões,
destituo os óbvios, arranco cores
dos dias mais duros;

se chegará a amada, que seja no simples,
no árduo,
no incomparável e no brilho.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Há dias em que o tédio me acampa. Entre uma tradução e outra, nada novo nos textos, nenhuma mensagem interessante, um deserto de idéias. E pessoas, bem..pessoas cada vez mais previsíveis...os cantores do óbvio, as atrizes do desejável comum.


Que hei de fazer eu?


Nada. A contemplação quase budista da fauna humana e sua pouco provável melhoria. Sou feliz com meu arco e flecha, vendo a obra de Goya, degustando os versos do Pessoa.

Sou feliz com um cálice de vinhodoporto.


" Mãozinha, mãozinha...bracinho, bracinho...SAI DO CHÃO!!! SAI DO CHÃO!!!" não me deixam exatamente feliz, os axeísmos da multidão contente e bonita desse brasilzão inaciano.

Assim o tempo passa e os sonhos vão se enterrando em troca de sermos mais sociáveis.


Hoje, especialmente, o flamenco será ouvido e o nonsense momentaneamente ignorado.

poemasmeus76665

eu me derramo
sobre o ventre que desenho,
me derramo em letras,
em lágrimas plenas de tudo;

é como regasse eu
o teu jardim absoluto;

eu me derramo forte inteiro
por sobre teu mar de pele mansa,

é como soubesse eu
da tua varanda imaginária
apenas simples;

eu me derramo impiedoso
sobre teu corpo de sede,
tua boca de ares,
tuas pernas de espera:

dá-me o afago de tulipas
enlaçando girassóis.

sábado, 18 de julho de 2009

poemasmeus7741

há no litoral
a montanha invertida no fundo
da costa;

é poço da saudade anunciada,
do perfume de ondas e mar
de espera;

eu seria meu salvador de versos,
mas paira sobre os pulsos belos,
muitas cores de paredes infinitas;

a moldura é morena em sangue,
o contorno é de arcos em boca plena;

há na costa o mar e pimenta
de todo o resumo
da beleza dita.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

poemasmeus-992233

vivo em um oco
minuto vastíssimo,
minhas saudades são anteriores
aos enamoramentos,
meus abraços fugidios
acariciam mais sombras e ventos
que o dorso dalguém que me acolha;

quero muito e tanto
ser o mais bemvindo
entre todos,
quero teus beijos
absurdos e doces,
que me leias sem
as letras que as outras
exigiam;

sou pequeno na terra
e enorme por dentro;

minha falta de ti
é meu império romano,
o mapammundi ao revés,
a cordilheira dos andes
de pontacabeça em meus pés;

tem essa dada por quase certeza:
onde me vês chegar
é que por lá
já passei muito antes.

terça-feira, 14 de julho de 2009

poemasmeus89065

tenho diante de mim
dois enormes convites redondos,
um é de sal, outro de mel,
duplo salto para o dentro
do fundo fundo encantamento
que se me veio em sabores;

são meus poços generosos
de perder-me nela inteira,
um é de serra, outro de mar,
dueto antimelancolia,
espelham-me a figura
diminuta na vastidão;

tenho diante de mim
dois enormes convites redondos,
um é ida, outro é volta:
ambos são
de resplandecer.

domingo, 12 de julho de 2009

poemasmeus663

quisera eu ser teu sétimo véu
ultimíssimo;

dança-me tudo dentro,
move meu ar guardado,
volta e brilha na boca
tua estrela compartilhada;

onde há tempestade de olhos
há amor de semente acolhida;

é assim no ar que vejo:
tem respiros de querência
na fonte esperada de toda
calma nossa.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

sake

línguas em profusão vermelha
densa, o universo diminuto
na vastidão imensa
das bocas mansas;

mordo tua braveza errante
para tragar muito
dos teus sonhos enterrados;

minhalma no sakê da tua,
vamos rolando abaixo
pelo chão de estrelas inusitadas;

coloca reticências ao fim do beijo,
toca a lua em meu dorso,
o nascimento do amor
é ébrio, doce e desliza;

que da tua muita falta
seja a minha
presença sentida.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

poemasmeus 7221

meus olhos engolem
tuas sombras de dentro;

vou fundo no fundo,
entro, meto, arremeto
invado;

vejo, vasculho, lanço,
esculhambo e arranco;

quando olho, vejo
e constato:

meus olhos são
olhos bem não
convidados.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

poemasmeus 8898

o beijo do reencontro
tem aquilo do mel
já conhecido;
conheço e reconheço aquela
toda boca de falta, que arde,
na latência adiada do peito
vasto;

são línguas que querem dizer-se:
amo-te ainda e agora;
come de mim tuas palavras,
leva de mim tua memória;

o desespero doce
da saudade imensa;

mas ao irmos, amor,
ao longe de nós,
vem o duro golpe;

beijar-te de novo
era apenas
buscar-me no ontem.