quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A Evidência que não Há

A Evidência, hoje, é dificílima. A poesia não é convidada ao BBB. Grandes obras de antes são Grandes Sobras dos dias. Publica-se qualquer coisa, menos o mais raro e fino suprasumo literário, este sim, destilado diminutamente por já consagrados autores. O desconhecido genial vale menos que a celebridade midiática imbecil.

Formam-se os guetos da salvação.

Mas não publicam-se tiragens de 15 ou 20 exemplares. A não ser que provemos: somos rentáveis. Nós quem? Os poucos que escrevemos para menos pessoas ainda.

Minas Gerais é onde se nasce já fadado ao exílio. Mas exilar-se noutro mesmo Brasil é punição em dobro. Sentir saudade da terra é ruim, mas menos pior noutra terra menos triste.

O Brasil é falsamente alegre. E nossa alegria é nossa desgraça maior.

Carnaval, carnaval. E os batuques lavam almas e memórias.

Sou um francoatirador. Quem me publique que arque com as custas advocatícias. Serão ordas de medianos a me processar e multidões de seres carnavalescos, furibundas, a tentar provar-me o racismo incontido e a burguesança do meu gênio.

Queria mesmo era viver soba a asa de Olavo de Carvalho, considerando mecenatos, lá longe na Toscana, onde poucas coisas encheriam minha rasa paciência.

O coração do poeta tem mesmo que perambular. Se der, o corpo vai junto.

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