Um amor de laço é deveras
uma algema de flores;
Ao prender, arrebenta-se;
Ao maniatar, perde-se no outro
e
esvai-se num sem sentido;
vira gratidão inercial
ou, mais feio,
cárcere disfarçada de abraço longo;
diz ao teu amado, se o há,
ou se de fato amado foi,
que doem teus pulsos e pequena fica
tua alma em cima
de tua nudez cedida,
muitos abraços tem lugar
porque o vazio do não saber medo traz;
melhor então, muito, saltar ao reino infinito
dos futuros acolhimentos raros;
estar com quem não nos deixa ser
é não ser com quem não já sabe estar.
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