minha língua me arde
e queima o mundo,
chicote de carne, látigo
profundo, flecha certa
contra o enorme muro do óbvio;
minha língua me escapa
e lambe sabores de rareza,
minha língua te beija
carnes e perfumes,
minha língua não reza;
assim no tão longe de tudo
minha língua é aspereza
e te apavora,
minha língua também chora
todo amor guardado dela;
minha língua não foi-se
dar com línguas de quimera;
minha língua diz do amanhã
em quando onde
minha língua doce era.
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